Hoje de manhã quando acordei, tinha o teu rosto sobre a minha mão. Esta cumplicidade extrema faz-me acreditar que a vida é muito mais do que aquilo que vemos. Não quero discutir por tolices ou por quase nada. E quero continuar a acordar e ter o teu sono ali ao lado, o teu sorriso disfarçado misturado com o meu e o teu cheiro a invadir a minha pele. Hoje de manhã, estavas com um ar tão sereno e parecias feliz. Hoje de manhã, fizeste-me acreditar que a vida tem uma data de momentos simples, com sentido e não ilusórios. E sim, eras tu que estavas ali, comigo. Nós somos uma coisa simples. Muito simples, na verdade. E hoje sinto-me a complicar, talvez por não estares aqui...
22 fevereiro, 2012
19 fevereiro, 2012
- Adoras falar, não adoras? - disseste-me.
São raras as vezes em que me lembro de te ouvir; normalmente és sempre tu a ficar com esse papel. Ouves, escutas e ficas em silêncio com as palavras a ecoarem no espaço vazio que tentamos ocupar.
Enruguei a testa e desviei o olhar, com medo que pudesses ver a vergonha chapada na minha cara.
Sempre que falo contigo, o mundo sai das minhas costas devagarinho. E a tua paciência envolve todo o meu corpo e faz-me sentir despida, mas aconchegada. Se calhar se não fosses tu, o mundo não seria tão fácil, tão leve, tão cheio. E os espaços vazios são apenas os que vão de um sorriso ao outro, do meu sorriso ao teu. Não há espaços vazios quando te beijo. E quando te beijo fecho sempre os olhos; na esperança de gravar esse momento para que, de todas as vezes que me apetecer beijar-te e não estiveres aqui, eu possa sentir-te com a mesma intensidade. Não há espaços vazios quando estou na tua pele. E tu não sabes o quanto eu gosto de estar na tua pele. E poder sentir o teu cheiro quando acordo a meio da noite, desorientada e rabugenta. Mas prefiro assim, prefiro que não saibas. E prefiro continuar a ter medo de gostar de ti. Porque gostar de ti, é mais ou menos como ter medo de te perder em cada viagem para o trabalho, ou em cada regresso a casa. Porque gostar de ti, é mais ou menos como ter medo de te perder aos bocadinhos.
05 fevereiro, 2012
Quando cheguei a tua casa, a porta já estava fechada. O som da campainha acordou-te, desceste e era eu.
- Está frio. Anda... - disseste-me.
Beijei a tua testa no elevador, mas a minha vontade era beijar o teu sorriso, com todas as saudades que ousei sentir durante estes dias. Entramos devagarinho e abraçaste-me secreta e silenciosamente.
Os laços renovam-se. As amizades renovam-se. E o amor, também. E aquilo que nos une é um pouquinho mais do que as noites que fico do lado esquerdo da tua cama. Noites inteiras a olhar-te, como se nada no mundo pudesse interromper o teu sossego, doce e tranquilo. Às vezes acordas e percebes que estou a olhar-te. Com um sorriso envergonhado, vens para ficar mais perto e voltas a adormecer. Fazemos isso vezes sem conta, porque as horas não existem quando estou contigo.
Sabes, não és a minha inspiração, mas tens sido a minha história (e eu a tua). E escrever sobre ti faz-me sentir-te mais perto. É talvez o melhor doce engano de sempre. E esse já o conheço de trás para a frente. Diz-me algo que eu, ainda, não saiba...
02 fevereiro, 2012
Às vezes acho que sou invisível, que a vida passa por mim e não me vê. Não és a minha vida, eu sei. Talvez por isso não te possa exigir tudo. Mas preciso que acredites que estou contigo, mesmo quando não estás comigo. Não és a minha vida, mas és grande parte dela. E sei que não és perfeito, mas mas não te amo menos por isso.
"Acreditamos naquilo de que precisamos, não é? Acreditamos 20, 30, 40 vezes, contra todas as evidências. Lembrava-se apenas do amor para lá dos limites, uma alucinada felicidade. Não havia maneira de deixar de querer, por isso. Mas um dia, ele disse "até amanhã" e nunca mais voltou..."
Fica comigo esta noite - Inês Pedrosa.
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