30 março, 2011

29 março, 2011

"Tu vales muito mais do que qualquer pessoa que te conquiste."
Hoje em dia o amor está na moda. E fala-se tanto de amor que esquece-se tudo o resto. Possivelmente, a única coisa que a "geração à rasca" não se pode queixar é a falta dele. Há uma abundância de relações descartáveis, de paixões estúpidas, de mais-olhos-que-barriga, de sentimentos falados e não sentidos, de disponibilidade para amar sem se saber sequer o que isso é. 
As pessoas dão-se aos pedacinhos e nunca por inteiro, com medo das exigências que o amor-de-hoje-em-dia pode ter. Acontece que essas pessoas nunca se têm a tempo-inteiro. E por isso é que nunca sabem se são mais ou menos felizes, apenas sabem que sofrem verdadeiramente, quando tudo acaba. Seja lá o que for que acabe.

18 março, 2011

hoje aconteceu-me dar por mim a sentir um orgulho arrebatador por ser mulher e a não me imaginar ser uma qualquer outra coisa. não por demorar imenso tempo a escolher roupa, maquilhar e andar sempre à procura da pessoa-certa. apenas porque gosto de pormenores, gosto da minha sensibilidade extrema e de arrepiar-me quando me sussurram ao ouvido. gosto de sábados à noite com jantares recheados com comida italiana, seguido de uma daquelas comédias românticas apaixonantes. gosto de amimar o quarto de velas e incenso e de meter um alguém imaginário a tocar piano, só para mim. gosto dos romances que faço e não tanto daqueles que leio. e como se não bastasse, nenhum homem sabe o quanto vale uma mulher, mesmo que lhe conheça todos os seus pormenores. porque ser mulher é ser demasiado real e, ao mesmo tempo, ser como os sonhos. é ser como somos e nada mais do que isso.

17 março, 2011

Metade
Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio;
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca; 
Porque metade de mim é o que eu grito,
Mas a outra metade é silêncio...
Que a música que eu ouço ao longe
Seja linda, ainda que tristeza;
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada 
Mesmo que distante;
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade...
Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece
E nem repetidas com fervor,
Apenas respeitadas como a única coisa que resta 
A um homem inundado de sentimentos;
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo...
Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço;
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada;
Porque metade de mim é o que penso 
Mas a outra metade é um vulcão...
Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo
Se torne ao menos suportável;
Que o espelho reflita em meu rosto
Um doce sorriso que me lembro ter dado na infância;
Porque metade de mim é a lembrança do que fui,
A outra metade eu não sei...
Que não seja preciso mais do que uma simples alegria 
para me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais;
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço...
Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade para faze-la florescer;
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção...
E que a minha loucura seja perdoada 
Porque metade de mim é amor
E a outra metade... também.
Oswaldo Montenegro.
O silêncio às vezes é o pior remédio. As pessoas calam-se e o ambiente à volta delas fica completamente gelado. Depois, é como se ninguém se conseguisse mexer. E quando dizemos que é "o pior remédio" significa que, para além de não resolver o problema, a bola de neve aumenta.
Ás vezes preciso provar uma data de coisas a mim própria. Hoje provei que consigo conduzir mesmo quando as lágrimas não páram de cair.

15 março, 2011


Não consigo ver fotos em que apareças. Já tentei e não consigo. 
Só que elas aparecem como uma composição em slide, umas atrás das outras, mesmo atrás dos meus olhos. E por muito que os feche, elas estão lá. E fazem cócegas até eu chorar, e irritam-me por isso.
Podia dizer-te que tenho saudades de todos esses momentos. Mas essa tua forma de ser faz-me sentir a-pior-pessoa-do-mundo, e do que tenho mesmo saudades é daquilo que me fazia gostar de ti, que me fazia ligar-te todos os dias, que me fazia dar-te um beijo na testa sempre que te encostavas a mim, que me fazia dizer-te que ia gostar de ti para sempre (quando sabia perfeitamente que os para-sempre-sempre-acabam). Foi a todos esses "que's" que caímos no erro de chamar cumplicidade. Foi aí que deitamos tudo a perder.
É fodido não me lembrar da última vez que usamos o plural. E preferia lembrar-me disso, do que continuar a ver-te vezes infinitas, mesmo de olhos fechados.

14 março, 2011

Cada fase da nossa vida tem um preço e há quem o pague demasiado alto. Acontece que as pessoas centram-se tanto naquilo que fazem e no que sentem, que esquecem-se facilmente que também existem. E existir é saber quem somos, sem nos vermos, é acreditar que alguma razão nos move. E se por ventura nada nos surgir a não ser a inutilidade, então é sinal que não está tudo bem. 
Não, não está tudo bem. 
Sair com pseudo-amigos, deitar tarde e acordar à hora do almoço, fingir que se tem um part-time e que isso preenche algum espaço (por enquanto), é como atirar uma palma da mão cheia de areia para os próprios olhos e para a boca também. Sim, porque é melhor calar para não estragar tudo, principalmente quando o racional vai de férias e o emocional assume a chefia. 
Sim, vai ficar tudo bem.

11 março, 2011

Odeio quando falta clareza à tua expressão.


Às vezes mais vale estarmos quietos. Se não fosse esta minha necessidade de estar disponível para os outros, certamente não dava tantas voltas no meu colchão, durante a madrugada.
De ti pouco posso esperar, porque quanto mais te dou menos tenho. É sinal que o que te dou não volta, não é? E nunca gostei de ficar a perder, gosto sempre da desforra. Não te deixo entrar nos meus sonhos para que me deixes descansar e mesmo assim consegues engelhar os meus lençóis.

09 março, 2011

Precisamos de nos enganar uma data de vezes, para sabermos que em algum momento estivemos certos. A questão é que existem uma data de tipos bem vestidos, cheios de tiradas poéticas e que usam aqueles perfumes pior que feromonas. E as mulheres, mesmo que não queiram, enganam-se com uma facilidade assustadora. Hoje pouco me importa se estou certa ou errada. Hoje sei que as emoções tornam-nos humanos. E sabendo que sou extremamente humana, um dia vou ter sorte. E mesmo depois de achar que me enganei vão mostrar-me que estive certa.

02 março, 2011

Hoje dei por mim a pensar que quando queremos dizer tudo o que nos vai na alma (onde quer que isso seja), as palavras perdem-se no nosso corpo e nem sequer chegam à boca. Outras vezes acontece atropelarem-se e confundirem-se. 
As palavras são traiçoeiras, mas os sentimentos são mais ainda. Envolvem-nos, sugam o melhor de nós e, no fim, não pagam as contas, antes de se irem embora. Eu sinto muito e falo pouco sobre isso. E a verdade é que quando tento verbalizar sentimentos acabo por perceber que ficou tudo por dizer. Prefiro os silêncios bons. Aqueles que nos abraçam e nos aquecem por dentro. Aqueles que nos ouvem pacientemente e que irrevogavelmente não há ninguém que faça isto com tanta perfeição. 
E eu sei que não sou pessoa de contar os meus problemas a meio mundo, ao contrário de ti, que não descansas enquanto o mundo inteiro não sabe. Talvez por isso goste mais de ouvir do que falar. Mas sei que falar-ouvir é uma balança em desequilibrio nos dias de hoje. 
As pessoas não têm tempo. E as palavras e os sentimentos, também, estão no desemprego. As portas fecham-se, as pessoas cansam-se.
E o mundo continua a tentar falar de amor. Um amor em tempos de crise.
E por muito que eu tente falar, as palavras perdem-se e, no final, ficou tudo por dizer. Ou quase tudo.