31 julho, 2009

Por vezes achamos que o mundo toca em todas as faces de um prisma.

Mas muita coisa fica por desvendar, por descobrir, fica por rasgar o que é convencional na vida…

E sentirmo-nos passarinhos sem asas é como construir uma casa com um baralho de cartas, onde a liberdade se torna uma utopia.

Todos nós selamos segredos e guardamos ‘porquês’, e depois disso achamos que as respostas vêm de balão, porque apesar de demorarem, hão-de chegar e cair devagarinho nas nossas mãos. Aí sim, podemos inspirar e decidir o que fazer com elas…

A vida é feita de escolhas e de riscos. Arriscamo-nos a ganhar e, na maioria das vezes, a perder muito. Sem esquecer que, em toda a escolha há perdas, há dias em que escolhemos e perdemos tudo!

‘ Todos perdem algo na vida. Uns precisam de assumir as suas perdas, outros precisam de apanhar os pedaços que sobraram.’

Darmo-nos a alguém é como fazer um safari no deserto: é aliciante, causa adrenalina, provoca uma sensação espectacular… e, se as coisas não correrem bem, ficamos sem água, sem alimento, sofremos com o sol e com os muitos quilómetros a andar a pé e desesperamos até aparecer alguém que nos console e nos ajude a saciar as necessidades básicas; neste caso fazendo por construir algo connosco, forte o suficiente para que o lugar vazio não faça eco, no coração de quem perdeu alguém.

E depois dessa aventura, há que tentar de novo, uma nova viagem, um novo arriscar. Não importa se as coisas voltarem a não correr bem, quem disse que só corre mal uma vez? Quantas vezes cresci com viagens fracassadas? Quantas vezes bati com a cabeça por não arriscar, só porque da primeira vez não correu bem? Quantas vezes senti que podia ter dado menos e dei tudo? Quantas vezes pensei que, apesar de ter saído ferida, faria tudo igual, tentaria tudo de novo?

Na maioria dessas vezes, ficaram pedaços de alguém para trás, pedaços meus e de pessoas que por algum motivo se cruzaram comigo.

O safari não vai durar para sempre, e é aí que a vida estabiliza, que descobrimos com quem queremos viver-para-sempre, que optamos por construir uma cabana ao pé da praia, ou viver com a casa às costas e andar de terra em terra (porque sim, isto também pode ser estável).

Acreditar que todos nós temos direito a essas escolhas é o primeiro passo, e por mais que elas sejam difíceis, dependem de nós, e são decididamente das únicas coisas que valem a pena pensar!

As melhores escolhas surgem da observação de pequenos pormenores.

Texto inspirado no livro ‘A saga de um pensador’ de Augusto Curry.

Partes de gentes. Partes de sonhos. Puzzles. A vida é um conjunto de peças de um puzzle que duvido que tenha fim. A cada passo, uma peça. A cada dia, uma parte do desenho construído. A cada noite uma nova inspiração e a certeza onde colocar esta ou aquela peça que estava perdida ou confusa. O meu puzzle começou ‘ontem’, ou melhor há uns pequeninos 21 anos, e já construi ‘qualquer coisa’, perdi peças, há outras que nem sei de onde são, nem onde pertencem. O problema (ou talvez o privilégio, não sei) é não ter sempre a mesma companhia na construção dele. De dia umas pessoas, de noite outras. Ao acordar – estas, durante o tempo produtivo – aquelas, ao fim de tarde – as outras e no final do meu dia/inicio da noite e da madrugada seguinte – as que resistem ao cansaço e me protegem dos perigos de estar ou sentir-me sozinha. São peças estranhas, diferentes, únicas e raras. É o meu puzzle, a minha vida, o meu mundo. São apenas partes de mim, partes de alguém que gostava de ter o poder de mudar o mundo, mudar as gentes e os sonhos.

Entra no jogo, aventura-te, aceita as derrotas mas luta por venceres, respira e no meio disso tudo nunca te esqueças de viver!

Porque a arte da simplicidade é a complexidade de um puzzle...