“O lixo dos sentimentos é uma espécie de película peganhenta de indiferença que entra pela «porta dos fundos» da nossa vida e nos guarda, para viver, um quartinho nas traseiras do nosso coração. (…) Eu, por mim…defendo que, em vez de guardarmos (só para nós) aquilo que doa, não devemos de deixar de depositar, devidamente acondicionado, dentro de quem nos magoa, a autenticidade de tudo o que sentimos (mesmo que pareçam desperdícios). E defendo mais: que assumamos esta irresistível tendência de separarmos (dentro de nós) o lixo dos sentimentos, levando a que a sua reciclagem nos permita transformar tudo o que nos mói em sinais interiores de riqueza. (…) Desde que tudo o que era para se deitar ao lixo se fale: com um som, com um nome, num gesto ou por um sinal (mesmo que seja simples ou fugaz). Mas que se fale. Porque, afinal, o lixo dos sentimentos embrulha-se de um silêncio que nos atordoa. E mata, em combustão lenta, todos os namoros da vida.”
"Chega-te a mim e deixa-te estar" - Eduardo Sá
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