02 agosto, 2009

Passava já da meia-noite, quando ela decidiu enfiar-se debaixo da água amena e precipitada a sair do chuveiro. Tinha sido um dia desgastante e a sua cabeça parecia ter ganho volume com a quantidade de coisas que andavam pr’ali a chocar, como moléculas agitadas de um composto, umas com as outras. A água caiu-lhe no rosto, peito, barriga, pernas, pés e escorreu pelo cano do polibã. A música tocava ao fundo (era um ritual) e aquele barulho da água relaxava o manto de pele cansada que envergava nesse dia. Aproveitou para ficar horas ali, sem se ensaboar. Não esteve minimamente atenta às horas. Foi-se enrolar no robe, pingando o chão que pisava, e estendeu-se na cama assim mesmo… Adormeceu, porque o cansaço vence as pessoas em vários momentos da vida.

E nada, nem mesmo a sensação de frio desde a ponta dos pés até a um fio de cabelo, a fez sair daquela desconfortável posição, porque a vida é demasiado apressada, e ela demasiado especial e carismática para viver tudo aquilo, àquela intensidade.

Por favor, anda mais devagar, para que o mundo possa saborear-te, Vida!*

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